Um comentário honesto sobre Nós – o que eu acho que sei sobre Amor, Verdade, e os clichês do Ser.

     (Não que os outros não tenham sido honestos, claro)
     Gastei algum tempo hoje refletindo sobre tudo que eu tenho escrito e pensado nos últimos meses. Esse blog sempre foi principalmente um canal pra extrapolar os meus pensamentos sobre várias coisas, mas uma análise atenciosa demonstra como eu tenho uma tendência inegável a refletir sobre o Ser e suas muitas implicações.
     E isso não é um sintoma de excesso de discurso e falta de prática. Pelo contrário; sem transformar isso em uma autodefesa, mas eu sempre busquei ser atenta às implicações práticas das coisas nas quais eu pensava. Aliás, foi assim que esse comentário honesto aqui nasceu; uma reflexão sobre o que eu aprendi, depois de tantas crises existenciais, emocionais, espirituais, histéricas e afins. Ou o que eu estou aprendendo, porque o processo parece longe de acabar.
     Ainda quero desenvolver isso melhor em outro momento, mas por ora basta eu te contar que tem uns 5 ou 6 anos que eu tenho pensado muito sobre como o mundo precisa de mais empatia. “Mais Amor, por favor” não adianta nada se tivermos mais amor interesseiro, egoísta, buscando os próprios ganhos e benefícios – amor este do qual o mundo JÁ está transbordando. O genuíno Amor transformador, desde os contos de fada até as mais antigas religiões da humanidade, é o Amor desinteressado e altruísta. E não existe Amor que se sacrifica sem empatia, sem a capacidade de se enxergar na dor do outro (e, sim, isso é bíblico – Hebreus 4:14-16, a empatia é o fundamento do milagre da Graça).
     Indivíduos só são capazes de se compadecer daqueles que eles enxergam como sendo seus semelhantes. Por isso alguns seres parecem ser mais “humanos” que outros, para certas pessoas – diferenças de classe, etnia, língua, e até espécie (pra certos vegetarianos/veganos radicais) alteram o grau de humanização que atribuímos uns aos outros. E se eu me vejo como diferente de todo mundo, ou melhor que todo mundo, vou desejar pra mim apenas coisas que não desejo pros outros, e se eu realmente acredito que todos somos iguais, vou buscar justiça pra que todos possam compartilhar dos mesmos direitos, e assim por diante. O princípio é simples. Mas tá, o que tem a ver?
     Quem me conhece há vários anos provavelmente se lembra muito bem de uma certa arrogância e um nível de egoísmo que permeavam tudo que eu fazia (sem tempo pra explicar com detalhes, mas eu me sentia tão isolada na vida que eu acreditava que ninguém era como eu e etc.). Pela misericórdia de Deus, tô me aproximando dos 23 com a plena conviccção de que a maior parte disso foi destruído na minha vida. Pela misericórdia de Deus, eu reitero, porque foi Ele quem permitiu que os caminhos que eu mesma escolhi pra mim fossem organizados pra me levar até o fundo do poço.
     O lado legal disso tudo é que Ele foi comigo e, chegando lá, pelas minhas próprias pernas, Ele foi a luz que me permitiu ver que, ao contrário do que eu pensava, eu nunca estive sozinha, nem no fundo daquele poço – muita gente tava lá. Muita gente que eu amava, conhecia, admirava, gente até cuja aparente perfeição machucava a minha percepção de mim mesma. Aliás, vamos tratar essa ilustração como se eu estivesse caída no Inferno de Dante, em vez do fundo do poço, e a luz divina me permitiu descobrir que eu não estava sozinha no meu círculo, mas que havia muitos outros, acima de mim, abaixo de mim, mas, mais importante, todos lotados.
     Nada é novidade. Todo mundo é um caos. Já leu isso antes, aqui? Vai ler muitas vezes ainda. É a verdade nua e crua (ou não a verdade inteira, mas pelo menos uma boa parte dela).
     Cada ser humano é um universo desgovernado em si, todo antagônico, e a maior revelação da minha vida foi descobrir que eu não era a única em guerra, a única dormindo aos prantos todos os dias, incapaz de formular pensamentos equilibrados ou passar um dia inteiro sem me odiar completamente. Eu descobri que todo mundo tinha níveis de carência, e todo mundo queria conseguir coisas por mérito próprio, fazia muitas coisas pra aparecer, postava fotos pra ver se uma pessoa X ou Y curtia, dormia no meio do tempo de oração, gastava horas preciosas refletindo sobre coisas desnecessárias.
     Descobri, entre lágrimas e risos, que nós todos somos humanos. Meu Deus! Que revelação aguada. Qual a grande surpresa?
     Meu problema com os clichês é que, quanto mais eu reflito sobre a vida, mais eu percebo que eles são reais, e que nossas vãs tentativas de quebrá-los nos fazem esquecer das verdades mais fundamentais da vida. Qual é a graça real em quebrar todos os paradigmas, mesmo? Tem coisa que, de tão desconstruída, deixa de ser verdade e vira mentira, só pela abstração. Parece capenga falar tanta coisa aqui como eu falei, pra no fim só constatar que nós somos todos humanos, mas será que nós já de fato vivemos como se entendêssemos que somos humanos? Fiz um exame cuidadoso de mim mesma aqui e, não, eu não. Não sei quanto a você.
     Não se engane. Muita gente ao seu redor tem tanta vontade de crescer e provar que pode fazer melhor que os próprios pais quanto medo de crescer e descobrir que é igual ou pior que eles. Quase todo mundo perderia o sono por ansiedade, ou esperaria coisas e se frustraria. São nossas tendências naturais. Se existe algum prumo que possa alinhar essas bagunças e nos ensinar a enxergar as coisas simultaneamente do nível do solo e dos olhos do pássaro, isso é outra história. Aliás, é o tal do processo do qual eu falei um pouco na “Carta aberta aos meus amigos”. Uma versão macro da mágica que transforma o caos dos pensamentos em poesia.
     Enfim. Amor. Empatia. Somos todos iguais, ou pelo menos muito parecidos. Não se cobre tanto, mas não se acomode. Não use as diferenças pra justificar as divisões. Não use as semelhanças pra justificar a uniformidade. E, se tudo isso aqui se parece demais com tudo que você já leu ultimamente, eu espero que hoje você acredite e aceite. E, se não for hoje, que outra pessoa, mais competente que eu, te convença a aceitar sua essência. Algum dia vai. Algum dia, vai.
    Photo by Andrew Moca on Unsplash

Deus não é simples. Deus é Amor.

     Sobre 1 Coríntios 13, Eclesiastes 3 e 12, Salmos 139, Jó 38, João 17 e 1 João 2.

     Eu sempre vou refutar categoricamente todas as pessoas que tentarem argumentar que Deus, em seu Ser, É simples, e que nossa razão é culpada por torná-Lo complicado. Tentar simplificar Deus pra fugir das armadilhas da racionalidade é uma estratégia furada. Depois de quase 2,000 anos de Cristianismo – 500 só da Reforma, um sem-número de livros, doutrinas, interpretações e denominações, é impossível dizer que Deus é simples.

     O conflito está na incapacidade da nossa razão, tão limitada, de apreender as coisas desde o começo até o fim – uma antítese da Eternidade que foi colocada por Ele no nosso coração. Milhares de anos não deram conta do Ser, que se perde em milhares de perguntas, e Deus não responde à todas elas. Tudo Ele fez apropriado em seu tempo, em Seu Tempo, e tal conhecimento vai além daquilo que podemos conhecer. Estaremos sempre um passo atrás. Ou muitos, muitos. “Nada faz sentido!”, porque é grande demais para que caiba na nossa cabecinha.

     Há muito que se refletir sobre a nossa pequenês quando nos colocamos como um sujeito em busca do conhecimento de Deus, seja na Palavra, ou nas coisas Criadas. Conhecê-Lo é impossível enquanto houver trevas em nosso meio, porque as trevas não compreendem a luz. Será que ainda falta muito, para que conheçamos como somos conhecidos? Não sei. Eu sou só humana. Eu não estava lá quando Ele lançou os fundamentos da terra, delimitou os mares, firmou as estrelas, ensaiou as estações. Não andei com Ele pelos mais profundos abismos, não conheci todos os cantos dos céus, não dou ordens às chuvas, não sou capaz de discernir os milhares de anos de história que convergiram pra formar quem eu e você somos.

     Por isso, muitos fogem, rejeitam, abusam ou fetichizam um conceito de Deus – é um caminho mais fácil que assumir a derrota da nossa razão. Todo o Seu conhecimento é maravilhoso demais e está totalmente além do meu alcance. Ele é elevado demais para que eu O possa conhecer. Mas Ele abriu uma porta. O Deus, criador dos céus e da terra, compartilhou com a humanidade o Seu coração, e nos revelou um segredo maravilhoso – Ele É Amor. E isso, hoje, me importa mais.

     Sim, Ele É Amor nos importa mais. Porque um Deus Grande, Glorioso, Altíssimo, Todo-Poderoso, Eterno, e Santo, É a evidência suprema do quão distantes dEle nós estamos. E estaríamos, pra sempre, se Ele também não fosse Amor. O Amor dobra nossos joelhos, quebranta nosso coração, destrói o nosso orgulho, e convence um Deus Soberano a esvaziar-se de Si mesmo, e tornar-se homem, de carne e osso, como nós. Ele desafiou nossas motivações, nossa justiça, nossa ética, nossas ações, e se entregou, em nosso lugar, bebendo do cálice que era nosso, para abrir uma porta que nos permitiria estar com Ele para sempre, conhecendo-O, e experimentando a satisfação sem fim da Sua Glória.

     Um Deus Criador Grande e Glorioso seria apenas um objeto de terror e um fato lamentável à uma humanidade caída, incapaz de escolher o bem, em vez do mal, e a vida, em vez da morte. Mas, ainda que nós sejamos tão pequenos, Ele nos ama. Uma vez, um amigo viu Deus e Sua Criação como um Pai se deleitando nos rabiscos indecifráveis do filho pequeno – “um dia, meu filho, você se conhecerá, como Eu já te conheço”. Mas, exatamente como o Pai e o filho pequeno, enquanto não crescemos, nos conectamos pela Aliança Eterna do Amor. Se amar como Ele amou, e andar como Ele andou, é estar nEle, eu fico aqui até o fim dos meus dias. Um dia, eu verei face a face, e não mais por espelho; mas, até lá, enquanto minha mente caída apenas consegue imaginar a Sua Glória, eu me contento em saber que Ele é Amor – e isso, basta.

     Photo by George Bakos on Unsplash

O Caráter do Arquiteto do Universo

     Os niilistas se desiludiram na vida porque somaram todas as probabilidades e entenderam que nada aqui faz qualquer sentido. Nascer, crescer, sentir, viver, amar, nem o famoso “viver pra fazer o bem” fazem sentido se todo mundo vai nascer e morrer igualmente. Mudar a vida das pessoas? Você e o outro vão se esquecer, vão morrer; nada tem valor, a menos que exista um projeto maior. Os tais do niilistas não acreditam que o tal do projeto exista. Eu testemunhei dele. Conheci o Arquiteto.
     
     Aliás, eu sou uma arquiteta (bom, quase), mas um dos caras que eu mais tentei imitar na vida era Físico. Meu amado Albert Einstein não acreditava em Deus, não como eu acredito, mas ele entendia, por observação, um princípio que eu aprendi com a boa prática de projeto – Deus não joga dados com o Universo. A mais excelente experiência projetual vem através de um trabalho exaustivo de garantir que todos os fatores possíveis e imagináveis sejam coerentes, coesos, funcionem juntos, e, mais importante de tudo, sejam as respostas adequadas aos problemas que eles respondem. Projeto, essencialmente, é isso, uma resposta a um problema – pode ser uma resposta artística, técnica, determinista, livre, espontânea, aberta, fechada, matemática, mas começa numa necessidade e termina em como o Arquiteto a resolve.
     
     E dois Arquitetos diferentes não projetam um mesmo programa de necessidades da mesma forma, porque o charme da Arquitetura é o caráter e a personalidade de quem projeta permeados nas linhas do desenho do projeto. Tem uma essência específica do Niemeyer nas curvas que ele desenhava que não está presente na curva ampla que Lúcio Costa desenhou, cortando Brasília de Norte a Sul. Os ângulos retos de Mies van der Rohe não são os mesmos que os da Lina Bo Bardi. E, falando da Lina, a semelhança entre seus projetos está nas sutilezas de quem ela era, porque ela soube, como poucos, responder com exatidão artística e técnica às necessidades colocadas diante de si. Entre no SESC Pompeia e se maravilhe com os inúmeros detalhes e a explosão de usos e sentimentos que eles podem inspirar. E se pessoas foram capazes de obras tão sublimes, quanto mais aquele que a Palavra chama de “O Arquiteto do Universo”. Aquele que lançou os fundamentos da terra, levantou os limites dos mares, ensaiou o balé das estações e colocou o planeta pra girar, dia e noite, sem parar, através da mais sublime Sabedoria.
     
     Qualquer dia muito ruim pode ser suavizado por alguns minutos com um pôr-do-Sol enquadrado por uma janelinha. Você tromba exatamente com quem queria na rua, numa precisão geométrica, sabendo que, se tivesse olhado pro ângulo errado, teria perdido. Às vezes, escapa por pouco de bater o carro e, no dia seguinte, precisa muito dele. Às vezes, bate o carro, e no dia seguinte, de ônibus, escapa de um assalto no atalho que pegava todos os dias, ou passa um bom tempo não planejado em casa com sua mãe, de repouso de uma perna quebrada. Um problema que acontece hoje faz todo o sentido três meses, ou três anos, ou trinta, depois.
     
     Uma sucessão de incertezas e fatalidades não gera beleza. O final de uma roleta russa só pode produzir morte. Jogar dados é um desafio de azar. Um bom projeto, no entanto, produz relações ricas, se adapta às múltiplas pessoas que o vivenciam todos os dias, e permanece no tempo se for sempre bem gerido, bem cuidado. É esse o caráter de Deus, o Arquiteto disso tudo, e Edificador, e Gerente Supremo. 7 bilhões de pessoas vivas, milhares morrendo, milhares nascendo, todos os minutos, riqueza, pobreza, guerra, fome, e nossa capacidade humana de levar o livre-arbítrio às últimas péssimas consequências. Ainda assim, por mais que seu pessimismo tente te convencer do contrário, você sabe que existe esperança, porque, na multiplicação das possibilidades, você entende que a chance de que você estivesse aqui, agora, é tão ínfima quanto a chance de que Deus exista.
     
     Aí começa a fé.
     
     Você é completo e perfeito sendo exatamente quem você é, algo que ninguém mais é capaz de fazer no mundo, mesmo entre 7 bilhões (e uns quebrados) de pessoas. Olhe pra exatidão do Universo e descubra o que o Arquiteto diz sobre quem você é – talvez você seja uma porta, uma parede, uma pedra do jardim, ou uma tubulação de esgoto, e esse projeto não funciona plenamente sem a sua função – pode até estar em você a solução para os problemas dos quais você tanto reclama. Se te falta conhecimento de quem você é, ou do que você faz, divirta-se com um bom estudo de caso – leia O Livro, converse com outros funcionários, analise os desenhos, e sente-se e convide o Arquiteto para um café. A agenda dEle está sempre aberta pra você.
    

31 Devocionais #17 – Não se acomode!

     Texto base: Apocalipse 3:14-17
    
     Uma das buscas mais naturais do ser humano é por comodidade. Escolhemos naturalmente as coisas que nos trazem menor desafio, menos esforço, menor custo. A famosa “zona de conforto” traduz justamente esse ponto que alcançamos na vida em que a situação atingiu um equilíbrio que nos libera da responsabilidade do trabalho duro que fizemos para chegar até ali.
    
     Se você é cristão, lamento ser quem te informa que não existe zona de conforto. Não existe momento algum em que você terá recebido o suficiente do Senhor. Se você está satisfeito com o que já recebeu até agora de Jesus (satisfeito como quem não acha que precise de mais), lembre-se do que disse o Pai na carta à igreja de Laodicéia (Ap 3:15-17) –
    
     “Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, nem frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca. Você diz: Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego e que está nu.”
    
     Você pode ter recebido muito da presença de Deus, e pode ter mais que muitas pessoas, mas ainda é pouco perto do que o Senhor tem pra sua vida. A grandeza do nosso Pai é incomensurável, e é do interesse dEle nos encher continuamente, para que possamos nos tornar cada vez mais parecidos com Ele, e para que possamos ser um canal de bênçãos que possa impactar a vida de outros que ainda estão perdidos pelo caminho.
    
     E isso vai além do que podemos fazer em nosso curto tempo de vida. Em Filipenses 1:6, Paulo diz que a boa obra iniciada em nossa vida só será completada no dia de Jesus Cristo – vai além do dia da sua morte, a boa obra na sua vida também engloba seu legado, sua arca continua a se encher ainda que você já tenha partido.
    
     Não se acomode na sua busca com Deus. Não se esqueça do que Ele já fez por você, mas não perca dimensão do que Ele ainda pode fazer. Não se acomode na sua vida mundana, nos seus sonhos mudanos, mas tenha a ousadia de se entregar mais todos os dias diante do Senhor, porque Ele promete Se achegar àqueles que se achegam à Ele.
  

31 Devocionais #15 – Multiplicação

    
     Deus é um Deus de impossíveis, de milagres! E Ele nos mostra, ao longo da história, que um de Seus milagres favoritos é o da multiplicação. Ele não apenas multiplicou os pães (2 vezes!), mas têm multiplicado tudo ao nosso redor desde muito tempo.
    
     O Senhor multiplica as coisas em quantidade – como Ele prometeu à Abraão que faria com sua descendência (Gn 15:5). Ele multiplica nosso conhecimento, nossas armas, multiplica nosso pão, nossas bênçãos, multiplica nossa fé, e toda Glória é dEle! Jesus multiplicou a pesca de Pedro, Tiago e João, multiplicou o azeite e a farinha da viúva que alimentou Eliseu. Multiplicou a igreja a partir dos Seus 12 discípulos. Na história de Gideão (Jz 6 e 7), porém, o Senhor deixa claro que, mais do que quantidades, Ele é interessado em multiplicar em qualidade.
    
     Quando os midianitas se levantaram contra Israel, Gideão encontrou 32 mil homens que lutariam contra os 135 mil do exército inimigo. Interessava ao Senhor libertar Israel da opressão dos midianitas; porém, interessava à Ele que os israelitas soubessem que seu Deus era com eles e que Ele os havia livrado da derrota, então Ele reduziu os 32 mil homens à 300. O Senhor reduziu o exército ao grupo de homens mais corajosos, para que tivesse o melhor do grupo em Suas mãos, e total liberdade para operar um grande milagre de multiplicação de possibilidades naquela batalha.
    
     O Senhor promete que multiplicará o pão, mas nem sempre promete que multiplicará os nossos exércitos. Na Cruz, nós temos uma eterna promessa de vitória. Se parece que suas forças e seus homens têm se minguado, saiba que Ele não é homem para que minta – se Ele não multiplicar seus números, Ele multiplica suas chances de entrar em chamas com o menor resquício de fagulha que restar.
    

31 Devocionais #13 – "Eu me coloco em chamas"

     
     Nosso Deus é o Criador dos Céus e Terra. É Ele também o Arquiteto do Universo, e o Designer dos nossos destinos. Em toda Sua criatividade, o Senhor nos mostra que, a cada pessoa, tem reservado uma história diferente, única, mas carregada de Seu Amor, Graça e Misericórdia. Dito isto, nós não podemos cair na armadilha de almejar nos tornar outras pessoas, mas podemos nos beneficiar de querer ser como outros eram em Deus.
    
     Para além dos personagens bíblicos, a história está cheia de homens de grande fé e intimidade que muito nos ensinam sobre o caráter de Cristo, que todos tanto almejamos. Hoje, eu me volto para a vida de John Wesley. Criado em uma família Anglicana, evangelizado desde muito jovem, a busca pelo Senhor foi o centro de todos os 87 anos de sua vida. Aos 35 anos, depois de anos de dedicação, ele finalmente recebe o Amor e seu entendimento se abre para a maior verdade de todas – Jesus salva, cura e liberta.
    
     Seu legado envolve milhares de sermões pregados, centenas de livros escritos, compilados, traduzidos, editados. Milhares de quilômetros percorridos a cavalo. 30 mil libras doadas à caridade. Um ministério de Amor, Fogo e Misericórdia. Métodos de Ensino, Doutrinas, e uma igreja que hoje some mais de 75 milhões de membros. Contam que deixou como patrimônio duas colheres, uma chaleira e um casaco velho. Acumulou tesouros no Reino que não é desta Terra.
    
     A história que Deus escreveu para John Wesley não é a mesma que a minha ou que a sua, mas a essência de sua vida deve ser a mesma. Nascidos para viver pelo Reino que há de vir. Chamados para fora de templos e das prisões da alma. Servos do Senhor, e não das coisas. Em seu leito de morte, prestes a ser tomado pelo Pai, declara “O melhor de tudo é que Deus está conosco!”. E que isto nos baste.  
    
    
     “Eu me coloco em chamas, e o povo vem para me ver queimar” – John Wesley (respondendo à pergunta de como ele atraía as multidões)
      
     “Eu considero todo o mundo como a minha paróquia; em qualquer parte que eu esteja, eu considero que é certo, correto e o meu sagrado dever declarar a todos que estejam dispostos a ouvir, as boas novas da salvação.” – John Wesley
      
     “Dai-me cem homens que nada temam senão o pecado, e que nada desejam senão a Deus, e eu abalarei o mundo.” – John Wesley
    
   

31 Devocionais #11 – Eu falhei

    
     Eu falhei.
     
     Este é o texto nº 11 desta série de devocionais, mas, postado neste dia, deveria ser o nº 12. Isto porque, ontem, minha desorganização e o cansaço me venceram e eu definitivamente não consegui cumprir com meu propósito. Perdi um dia, e nem consegui me levantar de madrugada pra tentar fazer a todo custo. Falhei.
     
     Parece pouca coisa pra quem vê de fora – ainda que possamos falar de qualquer coisa ligada à compromisso, seriedade, desafiar-se, etc. Acontece que o mais importante não é o compromisso que eu tenho comigo mesma – por mais bobo que isso pareça, estes textos são um propósito feito e selado diante do Senhor. Em Mateus 5:37, nos ensinamentos do Sermão da Montanha, Jesus diz que a Palavra de um cristão deve ser fiel em si mesma – nosso “sim” deve ser “sim”, e nosso “não” deve ser “não”. Isso demonstra não apenas um compromisso com a verdade e a honestidade, mas o peso e a importância de tudo aquilo que dizemos, tanto diante dos homens, ainda mais diante de Deus.
     
     Estes textos são um propósito de louvor e dedicação a Deus, mas, como discutido nos dias anteriores, tudo que nós fazemos deve ter um propósito de louvor e dedicação a Deus. Até as menores coisas. Mas, apesar do peso que a falha traga sobre meu coração, a Bíblia nos conta que nós temos Graça ao nosso alcance, e um Sumo-Sacerdote que não só é capaz de compadecer-Se das nossas dificuldades, mas que nos mostra com Seu exemplo que é possível ser plenamente Fiel. Ontem, eu falhei, mas hoje eu me levanto e continuo.
     
     “Como posso retribuir ao Senhor toda a sua bondade para comigo? Erguerei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor. Cumprirei para com o Senhor os meus votos, na presença de todo o seu povo.” Salmos 116:12-14
        
     
      

31 Devocionais #10 – Façam tudo para a Glória de Deus

     Texto Base: 1 Coríntios 10:31
     
     Um dos princípios mais importantes na vida cristã é o entendimento da grandeza de Deus diante da nossa humanidade. O ser humano é o centro do Amor do Pai, mas não somos o centro do Universo. Somos feitos à imagem e semelhança de Deus, mas não somos como pequenos deuses. Não somos dignos de Glória alguma, pois não podemos nos salvar sozinhos – não podemos sequer mudar a cor de um fio de cabelo da nossa cabeça (Mt 5:36).
     
     Sendo assim, toda a Glória é do Senhor. Qualquer Glória que nós possamos receber na nossa vida, é do Senhor, porque não temos poder algum sem Ele – Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma (João 15:5). Seus dons, sua capacidade de crescer naquilo no qual você se esforça, tudo que você alcança – e o que não alcança – , tudo vem de Deus, e nos foi dado para que nosso propósito em Terra fosse cumprido.
     
     Quando Paulo diz, em 1Co 10:31, que “quer comamos, quer bebamos, façamos tudo para a Glória de Deus”, Ele diz que tudo – tudo, t-u-d-o – que nós fazemos na vida deve ter como objetivo glorificar o nome do Senhor. Isso não vai fazer o mínimo sentido pra você se você ainda não tiver entendido quem você é e qual seu propósito. “Tudo que tem vida louve o Senhor!”, canta o salmista no Salmo 150.
     
     Alimente-se tendo consciência de que seu corpo é templo do Espírito Santo, e agradecendo as mãos que plantaram, cultivaram, compraram e prepararam o alimento. Trabalhe e estude de todo o seu coração (Cl 3:23), sabendo que o Senhor não te leva aonde Ele não vai, e não te coloca onde Ele não vai estar com você. Faça tudo com excelência, e, se seu nome for honrado, não se esqueça de honrar e glorificar o Nome daqueEle que Era e É em você.
     
     
     

31 Devocionais #4 – Ser exatamente aquilo que a gente é

     Minhas inseguranças, somadas ao bullying que sofri em grande parte da minha vida, me tornaram uma pessoa muito dependente da opinião dos outros. Tanto em relação ao que eu devo fazer, quanto ao que devo vestir, comer, como me portar. Até pra escolher qual foto iria parar no meu Instagram eu precisava de uma opinião, porque a vida nunca me deu motivos pra confiar em mim mesma e na minha capacidade de decidir as coisas por mim.
    
     Por outro lado, eu sempre me senti pronta a opinar na vida dos outros, assim como outros também muito inseguros se sentiam confortáveis pra responder meus inquéritos quando eu precisava de uma opinião (deixando claro que não acho que pedir opiniões seja errado ou ruim – a vida é feita de muitos pontos de vista diferentes e quase todos merecem ter sua voz). O problema foi que eu, e outros – muitos outros – nos prendemos em uma cadeia de dependência da opinião e validação que o mundo pode nos oferecer.
    
     Por muito tempo, eu usei o texto de Mateus 4:4 como um incentivo ao jejum – Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca do Senhor. E, no fundo, não deixa de ser – Jesus foi tentado depois de um longo período de jejum – , mas é mais. O pão alimenta nosso corpo (e isso é um assunto pra depois), mas a Palavra de Deus alimenta nossa alma e nosso espírito. E o ponto importante desta análise é: do que sua alma e seu espírito tem se alimentado?
    
     Quando você se alimenta da opinião dos outros, e alimenta os outros com suas opiniões, você nega a soberania da Palavra de Deus como aquela que realmente diz a Verdade sobre quem nós somos e devemos ser. Quando você se adequa àquilo que os outros dizem a seu respeito, em vez daquilo que o Senhor diz a seu respeito, você não só vai ser menos do que pode, mas nunca vai encontrar a alegria que tanto busca na validação do mundo. Silencie as vozes que querem te dizer quem você é. O Senhor já determinou, o Caminho já foi aberto, e nenhuma Palavra que sai da boca dEle volta vazia.
     
     “Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além” Paulo Leminski.
    

31 Devocionais #3 – Uma questão de prioridades

     
     Já passa da 1h da manhã. Em teoria, já é amanhã, mas meu espírito me diz que ainda é hoje. E, mesmo que pareça ser tarde demais, eu vou crer que ainda é tempo de que haja algo a ser dito.
    
     Esse hoje (ou ontem) era feriado e prometia ser um dia tranquilo o bastante pra que eu tivesse tempo desde cedo pra gastar exclusivamente com o Senhor. Como de costume, eu estava enganada, e o sono já estava alisando meus cabelos antes mesmo que eu estacionasse na garagem da minha casa, minutos antes da meia-noite. Longe de mim ir contra os sinais de cansaço que o corpo demonstra – até porque o próprio Deus descansou no sétimo dia da Criação – , mas a verdade nua e crua é que eu arranjei tempo útil ao longo do meu dia pra todas as outras coisas que eu precisava (ou nem tanto) fazer, e joguei meu tempo com o Pai pra segundo plano. Seria muito confortável só chegar, lamentar a correria e prometer mais no dia seguinte. Mas não é esse o valor que eu quero dar pras coisas de Deus.
    
     Paulo diz, na primeira carta aos Coríntios, que devemos correr de tal forma que não somente completemos a jornada, mas ganhemos o prêmio (1Co 9:24). Isso não fala de competitividade, mas de disciplina, compromisso e prioridade (1Co 9:25). Minha falta de disciplina me fez hoje chegar ao fim de um dia sem ter feito primeiro o mais importante, mas meu compromisso precisa ser maior que o meu cansaço. Não pra que eu me vanglorie em qualquer coisa – até porque a culpa de eu estar aqui agora é minha, né? – mas pra que o Senhor possa reconhecer em mim um coração disposto a colocá-Lo em primeiro lugar em tudo, independente do preço a ser pago por isso.
    
     “Mas subjugo o meu corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado.” 1 Coríntios 9:27