Aqui

Aqui, aqui.
Aqui estou, aqui.
Mas querendo estar ali.
Eu quero estar ali.
Ou lá, estar bem lá. Lá bem longe.
Bem lá longe, longe de mim.
Bem perto, perto de tudo.
De tudo que está bem longe de mim.
Tudo que não está aqui.
Aqui, aqui.
Eu estou aqui.

[Imagem de fonte não identificável]

Sorria

 
Sorria, sorria.
Pela grande tristeza que paira sobre sua cabeça pesada, e pela nuvem de fumaça que a cega e a faz tossir.
Sorria, sorri.
Suas mãos são tão fracas que já não sustentam o peso das mágoas, feridas e desgraças.
Sorria, sorria.
Não há ódio que supere o nojo e a repulsa que passeiam pelas suas entranhas.
Sorria, sorria, sorria.
Se existisse mazela pior que ser morta, com certeza faria parte de sua existência.
Então sorria, sorria.
O seu coração amarga as palavras pestilentas e sujas que jogaram sem pena sobre sua surdez.
Sim, sorria, sorria.
Conte seus inimigos até os dedos dos pés, depois os amigos falsários, e guarde três dedos para os amigos de verdade.
É, sorria, sorria.
Enquanto as aves voam, com asas tão majestosas, suas pernas pesadas e seu pés inchados a seguram no chão.
Mas sorria, sorria, sorria.
Só sorria, sorria, sorria.
Sorria, sorria.
Simplesmente por sorrir.

 

[Imagem: Tumblr]

Sobre o vencido de Augusto dos Anjos

“Este ambiente me causa repugnância…” – Augusto dos Anjos
 
O vento afastado e dobrado,
a terra molhada e pesada,
as tumbas vazias e frias,
as pedras escuras e nudas.
 
Nem líquens, nem musgos.
 
Como se a chuva passada
trouxesse a luz e a vida,
e revirasse a terra maldita,
de morte eterna manchada.
 
Vermes e múmias aguardam.
 
E, quando reflete o luar,
acordam, esticam e salgam;
os filhos bastardos e sujos
do Carbono e do Amoníaco.
 
Tão Hipocondríacos e Cardíacos.
 
Os nervos tão paralisados
já não sentem mais qualquer dor,
e as juntas travadas, sem fluidos,
rangem como mármore a quebrar.
 
Sem olhos enxergam, sem orelhas escutam.
 
E segue-se enfim madrugada
de corpos putrefos e peitos abertos,
corações sem pulso, aflitos,
recordam amor e feridas.
 
Antes que acabe a noite dos vencidos.

Soneto de um peito sem coração

Um sopro de vento que atravessa meu peito
Não é tão gelado que congele a alma
Que, já fria, desprezada, em morte de leito,
Relaxa suas armas e enfim repousa, calma.
E tal qual corpo atordoado de inconstância
Que reprime, mas revela olhos de verdade,
Não há, para o peito vazio, a esperança
De sentir, sem um coração ou realidade.
Mas quem procuraria um coração perdido,
Tão machucado, desprezado e deprimido,
E jogado ao relento, e por ti perfurado,
Repleto de dor e feridas, maltratado?…
Tua é a culpa, quem dera não me rejeitasse
Cada vez que te olho; queria que me amasse!
[Imagem: Tumblr]

Poslúdio

“Que tudo, até a Morte, nos mente.”
                     O Esqueleto Lavrador – Charles Baudelaire

 

Ah, tu que usurpa meu sentido,
E repele-me o coração;
Que joga dados com meus olhos,
Meus tristes olhos calejados.
Ah, se tu, que mentes,
Que mentes só por teu prazer,
Que faria eu, enganado,
De luto eterno e justificado?
Ah, falsária, falsária,
Que diz com os lábios verdades escuras,
Que me penetra as vísceras em silêncio.
Diga-o! Diga-o!
Ah, se as horas se vão, porque não eu?
Se o amor se acaba, porque não o meu?
Se as dúvidas cessam, porque não as tuas?
Vinte anos se passariam e eu ainda,
Ainda o faria por ti!
Ah, mas tu, nem que a vida te obrigasse,
Nem que meu coração clamasse,
Nem que meu corpo perecesse;
Nunca o faria por mim,
Nem que eu fosse parte de ti.

À Quinta Hora

“Tudo tem uma moral: é só encontrá-la.”
                                                             Lewis Carroll
 
À luz tremida
Que suspensa dorme, glorificada,
Em lustres pesados, de cor doirada,
Cinco rumores pairam, deslumbrados,
Tão indignamente penta versados
 
Um olho mágico e brilhante
Desliza por tantas desgraças;
Cinco negras gralhas grasnam!
Ah, jamais poderia a Morte Rubra, mascarada,
Ser devidamente acobertada
 
Um miado azulado
Flutua por ventos meridionais;
Trinta e cinco vidas
São cinco sorrisos enevoados
Em clones penta esfumaçados
 
Malditas se tornam as flores
Quando, em sangue escarlate, pintadas;
E, ao contemplar uma faustosa figura,
Passante tão aveludada,
Tão bela e penta glorificada!
 
Então, à quinta hora,
Penta escorridas e penta apressadas,
Vêm percorrendo cinco estradas;
E, nessas ruas, cheias de glória passada
Que foram, em menos de cinco minutos, atravessadas.

I feel like I am walking on air

Eu já tive um número considerável de tentativas “bem planejadas” de criar um blog mas, sinceramente, essa é muito nova pra mim. Um blog “de verdade”, que não me cobraria horas e muita criatividade para criar um design inovador, onde eu poderia simplesmente cumprir minhas atividades favoritas: a escrita e o desenho. OK, eu serei sincera, não esperem muita coisa, eu tenho medo de expressar tudo aquilo que eu acho que consigo ser e acabar sendo tachada de “chata”, “exibida” e cia ltda. Mas vamos ao básico.

Nome: Luísa A A Ramos.
Idade: 16
Localização: A Terra Gentil que Seduz

Sempre que vou tentar iniciar um projeto novo de blog, eu faço coisas complexas para criar uma apresentação diferenciada, mas serei simples. Espero que alguma alma encontre meu blog, aprecie-o e eu finalmente cumpra meu desejo de “atingir” as pessoas com algum talento que eu possuo. Para finalizar, um haicai que eu produzi em uma modesta aventura por esse tipo de poesia.

E, nas cerejeiras
Florescem hoje, afinal
Sakuras rosadas.

Um beijo.
Luísa.