31 Devocionais #6 – Se tiverem Amor uns pelos outros

    
     Quando perguntado sobre qual era o maior mandamento, Jesus respondeu que toda a Lei e os profetas se resumiam em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Mas, em Jesus, o próprio Amor desceu à Terra para nos resgatar, e Ele então nos deu um novo mandamento – que amássemos uns aos outros, assim como Ele nos amou.
    
     Enquanto seguidores de Cristo, o Amor pesa sobre nós como uma regra, à qual devemos obediência. A obrigação de amar nos revela que isso não é um mero sentimento, consequência de coisas boas, mas uma decisão, que se estende até aos nossos inimigos e a todos aqueles nos fizeram e fazem mal… Exatamente como fez Jesus. E Ele nos conta que não amar não é apenas uma desobediência ao novo e vivo mandamento, mas também um desserviço ao Reino.
    
     Isso porque Ele promete que reconheceriam que somos seus discípulos se tivéssemos Amor uns pelos outros. E toda palavra que sai da boca do Senhor se cumpre. Porque o mundo pode não entender plenamente o que é Amor, mas o mundo reconhece que o que nós temos vivido não é o perfeito Amor do Senhor. Jesus era legal, mas o fã-clube que é difícil, uma frase corrente na internet, nos revela muito mais sobre nossas falhas do que qualquer perseguição. Aliás, precisamos mudar muito ainda antes que sejamos perseguidos por amor ao Senhor. 
    
     A Bíblia ainda chama mentiroso aquele que diz amar à Deus, mas odeia seu irmão (1Jo 4:20), e ela também diz que o pai da mentira é o Diabo. Não há espaço para falta de Amor se nós quisermos que o Reino venha. Não há espaço para falta de perdão, falta de humildade, falta de mansidão, falta de paciência e falta de bondade. Não há espaço para medo. Onde o Amor reina, as feridas são curadas, as faces são viradas, as mentiras se cessam e a Glória de Deus resplandece sobre nós. Aí, então, quando nos guardarmos de que seja constante no amor fraternal (Hb 13:1), nisto reconhecerão que somos Seus discípulos. E o mundo aguarda ansiosamente por isso.

   
   
     

31 Devocionais #5 – Só Deus pode me julgar

     “Só Deus pode me julgar!”, gritam muitos aos montes, teístas, até mesmo ateístas, buscando cutucar o orgulho da igreja. Não plenamente certos, mas suficientemente sensatos. Quem é você para julgar alguém?
 
     (E a pergunta é sincera)
 
     Quando Jesus explica aos discípulos que não devem julgar a ninguém, Ele os está ensinando sobre a atitude hipócrita que pode haver por trás de uma exortação. A Palavra de Deus é verdadeira e fiel, e nos ensina acerca daquilo que agrada e daquilo que não agrada o coração de Deus… Mas, antes que ela possa fazer vida através de nós, ela precisa fazer vida em nós – Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho?
 
     O texto não nos isenta da responsabilidade que temos sobre aqueles que estão ao nosso redor pecando contra a Palavra de Deus. A Bíblia é inclusive bem direta em dizer, em Lucas 17:3, que Se o seu irmão pecar, repreenda-o; porém, a continuação do versículo revela a verdade por trás disso – se ele se arrepender, perdoe-lhe. O foco, como demonstra inclusive o seguinte (Lucas 17:4) é o arrependimento e o perdão. Mateus 7:15 é uma instrução que nos ensina que não há espaço para orgulho no trato com seus irmãos. Você não é melhor que alguém por estar caminhando há mais tempo com o Senhor, ou por já ter resolvido problema X ou Y na sua vida. Devemos manter em nosso coração a humildade de quem também já foi ignorante à Palavra de Deus, e fazer tudo com Amor e compaixão.
 
     Só tem poder de julgar os homens aquele que é Santo. Nenhum de nós é (e isso responde a pergunta sincera que eu fiz ali em cima). Que nós possamos anunciar o Evangelho cientes do quanto somos pequenos, revelando o Amor e a misericórdia que recebemos àqueles que ainda não O conhecem.
     

      
    

31 Devocionais #4 – Ser exatamente aquilo que a gente é

     Minhas inseguranças, somadas ao bullying que sofri em grande parte da minha vida, me tornaram uma pessoa muito dependente da opinião dos outros. Tanto em relação ao que eu devo fazer, quanto ao que devo vestir, comer, como me portar. Até pra escolher qual foto iria parar no meu Instagram eu precisava de uma opinião, porque a vida nunca me deu motivos pra confiar em mim mesma e na minha capacidade de decidir as coisas por mim.
    
     Por outro lado, eu sempre me senti pronta a opinar na vida dos outros, assim como outros também muito inseguros se sentiam confortáveis pra responder meus inquéritos quando eu precisava de uma opinião (deixando claro que não acho que pedir opiniões seja errado ou ruim – a vida é feita de muitos pontos de vista diferentes e quase todos merecem ter sua voz). O problema foi que eu, e outros – muitos outros – nos prendemos em uma cadeia de dependência da opinião e validação que o mundo pode nos oferecer.
    
     Por muito tempo, eu usei o texto de Mateus 4:4 como um incentivo ao jejum – Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca do Senhor. E, no fundo, não deixa de ser – Jesus foi tentado depois de um longo período de jejum – , mas é mais. O pão alimenta nosso corpo (e isso é um assunto pra depois), mas a Palavra de Deus alimenta nossa alma e nosso espírito. E o ponto importante desta análise é: do que sua alma e seu espírito tem se alimentado?
    
     Quando você se alimenta da opinião dos outros, e alimenta os outros com suas opiniões, você nega a soberania da Palavra de Deus como aquela que realmente diz a Verdade sobre quem nós somos e devemos ser. Quando você se adequa àquilo que os outros dizem a seu respeito, em vez daquilo que o Senhor diz a seu respeito, você não só vai ser menos do que pode, mas nunca vai encontrar a alegria que tanto busca na validação do mundo. Silencie as vozes que querem te dizer quem você é. O Senhor já determinou, o Caminho já foi aberto, e nenhuma Palavra que sai da boca dEle volta vazia.
     
     “Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além” Paulo Leminski.
    

31 Devocionais #3 – Uma questão de prioridades

     
     Já passa da 1h da manhã. Em teoria, já é amanhã, mas meu espírito me diz que ainda é hoje. E, mesmo que pareça ser tarde demais, eu vou crer que ainda é tempo de que haja algo a ser dito.
    
     Esse hoje (ou ontem) era feriado e prometia ser um dia tranquilo o bastante pra que eu tivesse tempo desde cedo pra gastar exclusivamente com o Senhor. Como de costume, eu estava enganada, e o sono já estava alisando meus cabelos antes mesmo que eu estacionasse na garagem da minha casa, minutos antes da meia-noite. Longe de mim ir contra os sinais de cansaço que o corpo demonstra – até porque o próprio Deus descansou no sétimo dia da Criação – , mas a verdade nua e crua é que eu arranjei tempo útil ao longo do meu dia pra todas as outras coisas que eu precisava (ou nem tanto) fazer, e joguei meu tempo com o Pai pra segundo plano. Seria muito confortável só chegar, lamentar a correria e prometer mais no dia seguinte. Mas não é esse o valor que eu quero dar pras coisas de Deus.
    
     Paulo diz, na primeira carta aos Coríntios, que devemos correr de tal forma que não somente completemos a jornada, mas ganhemos o prêmio (1Co 9:24). Isso não fala de competitividade, mas de disciplina, compromisso e prioridade (1Co 9:25). Minha falta de disciplina me fez hoje chegar ao fim de um dia sem ter feito primeiro o mais importante, mas meu compromisso precisa ser maior que o meu cansaço. Não pra que eu me vanglorie em qualquer coisa – até porque a culpa de eu estar aqui agora é minha, né? – mas pra que o Senhor possa reconhecer em mim um coração disposto a colocá-Lo em primeiro lugar em tudo, independente do preço a ser pago por isso.
    
     “Mas subjugo o meu corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado.” 1 Coríntios 9:27
    
     
     

31 Devocionais #2 – Aba, eu pertenço à Ti

     Estava hoje em um momento de oração, e a canção “Aba”, da Laura Souguellis, foi ministrada. Essa música tem falado muito comigo desde o último sábado, quando ela veio inesperadamente na playlist aleatória do Spotify, e eu senti que o Senhor tinha algo a me falar através dela. As palavras entraram no meu coração e lá permaneceram desde então.
     
         
     Enquanto a escutava novamente hoje, comecei a dissecar a letra e refletir sobre ela. “És mais real que o chão que eu piso”. Como poderia Deus, o Invisível, ser mais real que o chão no qual eu me sentava naquele momento? Eu me lembrei então de todas as vezes em que meu mundo desabou e me parecia que o chão havia sumido. E, quando meu chão sumia, eu tinha a certeza de que o Senhor estaria lá pronto pra me segurar e ser a Rocha onde eu me firmaria. “És mais real que o ar em meus pulmões” – porque às vezes me falta o ar, mas nunca me falta o Amor do Senhor. 
    
     “Estás mais perto que a pele em meus ossos” – porque a Palavra me diz que, quando o véu se rasgou, o Senhor não mais habitou em templos construídos por homens, mas escolheu fazer morada em mim, e meu coração é casa dEle (1 Co 6:19). “Estás mais perto que a canção em meus lábios” – porque houve tempos em que as angústias levaram os louvores para longe de mim, mas Ele continuou comigo, segurando minha mão, e me levando por entre as tempestades.
    
     Ah, Abba. Quer eu viva, quer eu morra, eu pertenço à Ti (Rm 14:8). Os Teus pensamentos me definem, pois o Senhor bem sabe os pensamentos que tem a meu respeito – pensamentos que são de paz, e não de mal, mesmo que eu ande pelo vale da sombra da Morta (Jr 29:11, Sl 23:4). És tudo para mim, Senhor, e És a minha realidade – assim como a Tua realidade entrou na vida de Isaías e o transformou pra sempre (Is 6), o Senhor têm me transformado todos os dias, e me aperfeiçoado em Teu perfeito Amor.