Todas as luzes desta rua me lembram você

Todas as luzes desta rua
Me recordam você.

No jeito de estar, pulsando, imóveis,
No alto dos prédios, na beirada dos postes,
Onde os olhos veem mas as mãos não alcançam;
Para onde eu olho, pra esquecer as coisas más.

E me encantam assim, dessa forma:
Quando piscam, quando apagam,
Quando vêm e vão, no farol dos carros,
Ou na decoração especial do Natal.

E eu passo dançando em silêncio por elas,
Como se você estivesse em cada uma delas;
E o meu corpo se lembra do brilho das luzes
Que embalaram eu e você, quando havia eu e você.

“Que bonito é,” eu canto, “que bonito é”
Te lembrar sob a luz, com amor e saudade.

O tempo passou, e tanta coisa se apagou,
Mas suas luzes ainda povoam minha memória;
Insistentes e intrigantes, como o neon dos letreiros,
E as janelas acesas de madrugada.

O tempo passou, e tanta coisa se apagou,
Mas você ainda é brilhante como uma luz
Que me alegra e me afeta, mesmo de longe,
Onde meus olhos veem, mas minhas mãos não alcançam.

E continue brilhando assim, em todas as suas cores,
Do outro lado da cidade, ou do oceano,
Mas, por favor, como as luzes de Natal desta rua,
Volte uma vez por ano pra me visitar.

Pois eu gosto muito de todas estas luzes,
Mas gosto mais de você do que delas.


Escrevi este poema em 2014, pra um coletivo de poesia do qual eu participava [você pode ler a versão original aqui]. Depois, o reescrevi em 2017. Reescrevo hoje de novo. Sempre foi pra alguém, mas hoje não é pra ninguém, só pela poesia – pela saudade de escrever, e pela saudade de sentir algumas coisas que me fizeram escrever.

Featured Image by Brian Suh on Unsplash

 

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