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Corvo Correio | the Raven Post

by Luisa do Amaral

velho

Fracasso

8 January, 2013 — 2 Comments



     “You are so young, and I guess I’m old”

      – Eu sou um fracasso.
    
      Estavam sentados sobre o tapete da sala. A casa era dele, porém ela ali fazia morada quando fosse necessário. Naquele momento, de frente um para o outro, era ela mais casa que os tijolos e o telhado.
    
      – Não seja idiota. Você não é fracassado. Você nem mesmo fracassou.
    
    Ele abaixou a cabeça, desanimado. Buscava abrigo e condescendência no peito dela. Desejava chorar, mas segurava. Os polegares de menina empurraram seu queixo para cima, gentilmente. Seu olhar permanecia baixo. Encarava a pequena área do tapete visível entre seus pares de pernas cruzadas.
    
   Estavam tão próximos, tocavam-se. Porém, havia ali uma distância. Ela era uma menina espirituosa, ainda que estivesse caindo em um buraco – um mesmo buraco em que ele, velho, já outrora caíra. Era veneno e remédio. Mentira e verdade. Mas ele, ele já estava cansado de ser demais.
    
     – Fracassei sim. Fracassei. Não tenho mais o que fazer, ou pra onde fugir. Nada justifica que eu sequer tente – ele desistia de conter a frustração e deixava sua voz embargar-se.
     
     Ela procurava pelas palavras que o convenceriam; procurava pelos sentimentos que o fariam acreditar. Seu corpo abrigava uma alma que se jurava envelhecida, e sua coluna encurvava-se cada vez mais. Parecia querer que seu torço tocasse o chão, para que a terra o engolisse. Braços de menina não eram fortes o bastante para contê-lo e, por si, trazer consolo. Era ele quem precisava enxergar.
    
     Usou novamente seus dedos delicados para levantá-lo. Segurou seu rosto pesado entra as mãos, colocando seus olhos em mesma altura.
    
   – Olhe aqui nos meus olhos. Olhe no fundo deles; você enxerga algo? – ele se limitou a pesadamente piscar – Não seja descrente. Sabe, eu enxergo tanto nos seus. Vejo meu reflexo, consigo me encontrar aí. Meu rosto, meus olhos, meu medo de te perder. Você está cansado, tão cansado, mas ainda consegue carregar tanto brilho. Seu olhar reflete como eu te vejo. E a minha forma de te ver é tão pouco do que você é, tão pequena perto da sua grandeza. Há tanto mais. Sua alma é tão linda. Pessoas fracassadas e próximas do fim não conseguem mais brilhar, ou refletir. Diz, você consegue se enxergar nos meus olhos?
    
     Ele focou sua atenção e adentrou os olhos castanhos juvenis. Encontrou-a; reencontrou-se.  Viu ideias sobre si, ideias de quando era jovem, sonhos que havia abandonado, desespero, esperança, e alguma vitória. Ficaram em silêncio por um tempo que não foi contado. Mergulharam nos olhos um do outro e não voltaram à superfície até que houvessem quase se afogado. 
     “I see my pretty face in his old eyes”  

[canções linkadas:
– Pretty Face – Sóley
– The Poison – The All-American Rejects]

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